01 outubro 2007

Artesão faz da “transformação” de elementos um meio de vida


texto e fotos: Rômulo Maia

“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, teorizou certa vez Antoine Laurent Lavoisier, considerado o pai da química moderna. Ele queria dizer que quando as coisas deixam de ser o que são, é porque sofreram mudanças, ou seja, passaram a ser outras; que nada no mundo acaba, deixa de existir. E é justamente com a "transformação" dos materiais que Waldemar Esteves se destaca e ganha a vida.

Não! Ele não é químico, as transformações que proporciona não acontecem em laboratórios e os materiais que manipula não mudam de composição molecular. Na verdade, Esteves é artesão e com uma habilidade manual surpreendente e uma criatividade que não fica escassa ele transforma objetos “sem vida” em brinquedos e arte.

A tendência para o ofício começou a ser percebida aos 12 anos de idade, quando começou a fabricar seus próprios carrinhos com alumínio e madeira. O tempo foi passando e o menino órfão de pai e mãe, que veio de Alto Longá (a 76 km de Teresina) para estudar na capital, foi incorporando e criando novas técnicas para empregar nos seus trabalhos.

Hoje, aos 40 anos de idade “bem vividos e com muita criatividade”, ele sustenta mulher e filho com os rendimentos do artesanato, feito em cerâmica, barbante, corda, isopor, madeira, papelão, arame, plástico... A arte não encontra limitações com Esteves.

Atualmente, seu trabalho está centrado na fabricação de miniaturas, feitas com materiais baratos e descartáveis, como arame, espaguete e tampas de pasta dentária e garrafa pet. A junção desses elementos dá origem a pequenas bicicletas, rodas de capoeiristas, carrosséis, trabalhadores rurais, estudantes, entre inúmeras outras peças. “Com essas miniaturas tô no mercado sozinho”, afirma, deixando clara a exclusividade dos seus produtos, confeccionados a partir de técnicas próprias.

Durante mais de quatro anos o artesão ministrou oficinas em escolas públicas de Teresina. Nesses espaços, Waldemar Esteves repassou muito do que sabia para os adolescentes. Foi também nessas oficinas que ele começou a utilizar objetos de baixo custo na criação das miniaturas, partindo da necessidade de aproximar o artesanato da realidade dos meninos e meninas carentes, público alvo dos cursos.

“Não tenho medo de ensinar, porque a inventividade nunca acaba”, afirma, enquanto retorce um pedaço de arame e cria, em minutos, uma pequena bicicleta.

Esteves tem a preocupação de não deixar o filho se envolver tanto com o artesanato. Porque? “Isso vicia e ele não vai querer parar mais. E tem os estudos, que não podem ser esquecidos”, diz, admitindo que o filho “tem jeito pra coisa” e já produz algumas peças.

Comunicativo e com um jeitão inquieto, ele vende o que produz nas calçadas do centro de Teresina. A banca está sempre rodeada por curiosos.

Muito mais que apenas um meio de vida ou um simples empregar de técnicas, o artesanato é para Esteves o resultado do sonho de quem manipula e faz da matéria algo curioso, expressivo, repleto de detalhes e cheio de vida.

publicado originalmente no http://www.acessepiaui.com.br

Um comentário:

  1. Recentemente vi uma reportagem com o artesão, e ele fazia umas réplicas de motos harley davison com arames de alumínio. Peguei o tel. 9418-9554, mas não consegui contactá-lo. Teria outro meio? Endereço, etc...

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