Era uma vez uma menina que nunca, nunca, nunca arrumava namorado. Ela vivia triste, desolada com a própria sorte no amor.
Até pensou em se inscrever nesses programas de namoro na TV, mas lembrou que em São Paulo faz frio e desistiu. Não tem agasalhos apropriados e custaria caro adquirir alguns antes do Feirão do Paraíba.
Na rádio, leram seu nome, telefone e o apelo por alguém do sexo aposto para viver momentos maravilhosos. Ninguém lhe procurou. O locutor da voz de veludo transmitiu a mensagem outra dezena de vezes durante a madrugada. E nada.
Tudo parecia perdido. Mas a esperança - não devemos esquecer - é a última que morre.
Era um dia como outro qualquer. O sol torrava juízos em Teresina e a menina assistia Bob Esponja refrescando-se com um Cremosinho de Cajá.
Ele entrou sorrateiro. Em pulinhos miúdos, porém ligeiros venceu a distância entre a porta da sala e o sofá, onde ela esparramara duas horas antes sua preguiça.
Encantado, ele parou diante da menina. Os olhares se cruzaram. O do sapo exalava amor; o dela, esperança.
A menina o tomou nas mãos e beijou-lhe os lábios verruguentos. Ele coaxou de paixão. Ela tentou mais uma vez. No conto de fadas da vida real, o sapo permaneceu sapo.
Desde então ele mudou-se para a tigela antes destinada à água do cachorro de estimação da família.
Dia após dia a menina vai até o sapo e lhe tasca uma bitoca, na esperança de ser aquela uma data encantada. Nada acontece, mas ela não desiste de ter seu príncipe.
Há quem desconfie de um final feliz.
***
História relatada pela jornalista Jéssica Monteiro, que garante a veracidade dos fatos
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