05 janeiro 2010

Os petistas vão ao cinema

Desculpem pela metragem do texto. Sei que é grande. Mas queria compartilhar com vocês a matéria que fiz sobre a sessão privê dos petista no cinema de Teresina.

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PT de hoje assiste história do Lula de ontem

As bandeiras e faixas, os bonés vermelhos, os megafones ficaram em casa, guardados nos álbuns de fotos. Os gritos de guerra, as frases e os discursos inflamados presos em gargantas que deixaram o protesto do lado de lá das mesas dos gabinetes.

19h. O ex-líder comunitário sentou ao lado do ex-militante, que estava aconchegado ao ombro da ex-presidente de associação, que olhou para o canto e observou o ex-sindicalista entrando na sala. Luzes apagadas, projetor ligado e o atual secretário de Estado cochichou para o atual deputado que o governador Wellington Dias quase perdeu o início de “Lula, o Filho do Brasil”. Mas chegou a tempo. Ufa!

Não se sabe bem a intenção. Talvez quisessem relembrar o passado. Buscar inspiração. Revigorar os ânimos. Se confraternizar. Quem sabe ensinar aos novos filiados a origem do atual presidente do Brasil. Ou ainda provar que o partido já não é mais aquela sigla mambembe, que promovia comícios sobre carrocerias de caminhões com microfones roucos.

“Esse é um momento da gente se confraternizar. Assistir essa história do Lula é também ver parte da história do PT”, esclarece o deputado estadual Fábio Novo, presidente do PT no Piauí.

Bom, o certo é que o PT do Piauí fechou uma das salas do cinema do Teresina Shopping, na noite desta segunda-feira (04), para assistir junto o filme que o cineastra Fábio Barreto produziu sobre o “menino nordestino Luís Inácio da Silva”, que migrou para o Sudeste, virou “Lula, o líder sindical” e agora é “Luís Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil”.

Um dos filmes mais caros do cinema nacional (R$ 16 milhões) conta parte da vida desse personagem real. Brasileiro como muitos. Vencedor como poucos. Mostra os percalços de uma família que viajou 13 dias e 13 noites no lombo de um pau-de-arara para “teimar” no Sudeste das promessas e das muitas ilusões e desilusões. De um jovem despolitizado – que preferia novela à luta de classe – que um dia enxerga na organização sindical o caminho para mudar os rumos do Brasil.

Regina Sousa, petista e secretária estadual de Administração, acredita que o filme é capaz de atiçar fogueiras. Ver na tela do cinema a história de líderes como Lula, considera a ex-sindicalista, “é sempre bom para animar a militância”. “Agora”, ela faz questão de frisar, “não significa que isso vai render voto. Eu acho que o Lula já tem popularidade e isso não vai fazer aumentar a popularidade dele não”.

Se há ou não intenção política por trás do filme é, inclusive, o que mais se debate sobre a produção. O deputado federal e secretário de Educação, Antônio José Medeiros, é prático para encerrar a questão. “O filme tem um sentido político e cultural”, admite, apesar de considerar que o viés cultural é predominante.

Ao lado da dona Rejane, o governador também fez sua avaliação de “Lula, o Filho do Brasil”. Lula, na opinião do ex-sindicalista Wellington Dias, é um sobrevivente. “Pela região onde nasceu, pelo local onde nasceu, pela família em que nasceu”, explica. O roteiro é emocionante porque o menino de Garanhuns virou exceção. Ele venceu a pobreza e atingiu o topo da hierarquia política nacional. “[Porque ele] Se torna hoje o homem do ano, segundo o jornal Le Monde. É algo que nos coloca como grande orgulho de sermos brasileiros”, frisa o governador.

O senhor chorou? Pergunta um repórter ao final da sessão. “Me emocionei em dois momentos.” Quais? Um deles é o momento final do filme, quando Lula sai da carceragem do DOPs para assistir ao enterro da mãe e é saudado por dezenas de companheiros. Os metalúrgicos exigiram – em vão – a imediata libertação do líder preso. Manifestações daquela natureza foram de suma importância, relembra o governador do Piauí, pois forçaram a abertura política e permitiram, após alguns anos, a ascensão de líderes trabalhistas (como Lula e o próprio Wellington) ao poder.

A morte de Lurdes - primeira esposa de Lula - em um hospital público, em decorrência de complicações no parto agravadas por omissão médica, além do péssimo atendimento à paciente, foi o outro momento que mexeu com o governador. “Ele viveu problemas que muitas pessoas ainda têm que enfrentar”, comentou. E porque esses problemas ainda existem? É a pergunta a ser feita ao “Luís Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil”, que desembarca em Teresina no dia 14 deste mês. É que o pessoal da limpeza interrompeu a entrevista com o governador para preparar a sala para a próxima exibição do filme.


*** Matéria publicada originalmente no Portal AZ. Clique aqui para acessar.

3 comentários:

  1. Já disse que adorei a matéria???? rsrs

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  2. Anônimo11:04 PM

    André acabou de me mostrar esse seu texto que adorei! Que bom encontrar sua fala sobre esses assuntos que a gente tem muito o que discutir. Lembrei do André lendo o TCC (olha a foto lá de cima) e falando: - eles são esquerdinhas, né?
    Eles continuam.
    Bjs na Mayara

    Samária

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  3. Adorei!! Tens um jeito muito, mas muito peculiar de escrever.
    Continue assim...

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