Caminhando pelas ruas do centro de Teresina encontramos pessoas encostadas na fachada de prédios históricos ou em bancos de praças movimentadas. Painéis repletos de peças das mais variadas cores e formas, ladeados por mochilas, miçangas e arames diferenciam esses artesões das centenas de pedestres que circulam pela cidade. São os chamados “hippies”.
Na verdade, do movimento “hippie” que chegou ao Brasil no final dos anos 60, eles conservam apenas o estilo alternativo, as roupas não usuais e os braços tatuados e enfeitados por pulseiras e braceletes de metais, miçangas, sementes e couro, além da vida nômade.
Eles se consideram artistas, artesãos, mas com o diferencial de não precisarem de licenças ou credenciais para exporem seus trabalhos no chão ou muretas. Também não é exigido qualquer barraca ou forma padronizada de exposição. Estas pessoas que estão em constante circulação, têm as praças e ruas exclusivamente como passagem quando estão na cidade.
Em Teresina, os principais pontos de concentração desses andarilhos são as praças Rio Branco e Pedro II. E foi nesta última que encontramos Ronaldo Carvalho, 37 anos, e que há sete deixou sua vida de pintor de carros profissional, na cidade de Belo Horizonte – MG, “para tentar conhecer a verdade da vida”.
“Foi uma opção de vida. Vivia como pintor profissional de carros. As pessoas não pagavam. Eu trabalhava; dava tudo de si para os clientes e, na real, eles se quer respeitavam o meu trabalho. Até hoje é assim! As pessoas têm uma visão muito errada da realidade. Muito errada mesmo. Eles deveriam parar e pensar mais, antes de chegar e criticar você”, falou Ronaldo sobre a sua mudança de vida.
Há duas semanas em Teresina, Ronaldo Carvalho, esclarece que as pessoas que hoje fazem essa opção, não são hippies e, sim, “artesões aventureiros”. “Na real, não existe hippie. A era dos hippies já se foi, mas tentamos pelo menos carregar a filosofia hippie, que é o respeito, a consciência e o gosto pelo que se faz, além de sempre levar a paz no coração”, explica.
O preconceito e as generalizações que a sociedade faz, são os principais desafios que os “artesões aventureiros” enfrentam no seu dia-a-dia. Segundo Ronaldo, os motivadores disso são pessoas que se vestem como hippies, se escondendo por trás do artesanato para fazer tráfico de drogas. “Chega qualquer um na praça e diz logo que é hippie. Nós sofremos um preconceito muito grande por causa dos erros dessas pessoas que se escondem atrás de uma asa (veja quadro) de trabalho para fazer tráfico. As conseqüências são muito violentas. Acho que o povo, a sociedade em geral, devia olhar melhor pra gente. Não descriminar, porque as pessoas generalizam todo mundo”, desabafa.
O artesão demonstra muita preocupação com a imagem que as pessoas constroem deles, chegando a confundi-los com mendigos e ladrões. Isso acontece porque a maioria da sociedade não entende que cada indivíduo é uma pessoa diferente, com sua própria história. E explica a diferença entre o artesão e aqueles que vivem de “simidão” (veja quadro): “O artesão é trabalhador, usa a mente e produz para sobreviver. Nós somos uma indústria manual. Atrás desse pano aqui (se referindo ao painel de exposição), muita gente depende para sobreviver. Até crianças, porque elas têm que tomar leite, trocar fralda. Aqui tem muito pai de família”.
Ele confessa que, apesar de feliz com a vida que leva, “tá osso” viver como artesão e que já passou um mês com R$ 50 reais no bolso. Os lucros obtidos com as vendas são tão irregulares que ele não soube estipular uma média da sua apuração mensal. Para o artesão, a manipulação da arte é a grande culpada disso: “A arte hoje tá muito manipulada. É muita gente comprando para revender e dizendo que faz”.
Perguntado se votou nas ultimas eleições, foi enfático: “Pra quê?! Nunca votei em ninguém. Você votar num Brasil com esses políticos de hoje não compensa. A política brasileira é uma merda, uma mentira. Nunca acreditei! A voz do povo só fala quando a Rede Globo pega e manipula uma história”. Será que o “artesão aventureiro”, Ronaldo, tem razão???
Na verdade, do movimento “hippie” que chegou ao Brasil no final dos anos 60, eles conservam apenas o estilo alternativo, as roupas não usuais e os braços tatuados e enfeitados por pulseiras e braceletes de metais, miçangas, sementes e couro, além da vida nômade.
Eles se consideram artistas, artesãos, mas com o diferencial de não precisarem de licenças ou credenciais para exporem seus trabalhos no chão ou muretas. Também não é exigido qualquer barraca ou forma padronizada de exposição. Estas pessoas que estão em constante circulação, têm as praças e ruas exclusivamente como passagem quando estão na cidade.
Em Teresina, os principais pontos de concentração desses andarilhos são as praças Rio Branco e Pedro II. E foi nesta última que encontramos Ronaldo Carvalho, 37 anos, e que há sete deixou sua vida de pintor de carros profissional, na cidade de Belo Horizonte – MG, “para tentar conhecer a verdade da vida”.
“Foi uma opção de vida. Vivia como pintor profissional de carros. As pessoas não pagavam. Eu trabalhava; dava tudo de si para os clientes e, na real, eles se quer respeitavam o meu trabalho. Até hoje é assim! As pessoas têm uma visão muito errada da realidade. Muito errada mesmo. Eles deveriam parar e pensar mais, antes de chegar e criticar você”, falou Ronaldo sobre a sua mudança de vida.
Há duas semanas em Teresina, Ronaldo Carvalho, esclarece que as pessoas que hoje fazem essa opção, não são hippies e, sim, “artesões aventureiros”. “Na real, não existe hippie. A era dos hippies já se foi, mas tentamos pelo menos carregar a filosofia hippie, que é o respeito, a consciência e o gosto pelo que se faz, além de sempre levar a paz no coração”, explica.
O preconceito e as generalizações que a sociedade faz, são os principais desafios que os “artesões aventureiros” enfrentam no seu dia-a-dia. Segundo Ronaldo, os motivadores disso são pessoas que se vestem como hippies, se escondendo por trás do artesanato para fazer tráfico de drogas. “Chega qualquer um na praça e diz logo que é hippie. Nós sofremos um preconceito muito grande por causa dos erros dessas pessoas que se escondem atrás de uma asa (veja quadro) de trabalho para fazer tráfico. As conseqüências são muito violentas. Acho que o povo, a sociedade em geral, devia olhar melhor pra gente. Não descriminar, porque as pessoas generalizam todo mundo”, desabafa.
O artesão demonstra muita preocupação com a imagem que as pessoas constroem deles, chegando a confundi-los com mendigos e ladrões. Isso acontece porque a maioria da sociedade não entende que cada indivíduo é uma pessoa diferente, com sua própria história. E explica a diferença entre o artesão e aqueles que vivem de “simidão” (veja quadro): “O artesão é trabalhador, usa a mente e produz para sobreviver. Nós somos uma indústria manual. Atrás desse pano aqui (se referindo ao painel de exposição), muita gente depende para sobreviver. Até crianças, porque elas têm que tomar leite, trocar fralda. Aqui tem muito pai de família”.
Ele confessa que, apesar de feliz com a vida que leva, “tá osso” viver como artesão e que já passou um mês com R$ 50 reais no bolso. Os lucros obtidos com as vendas são tão irregulares que ele não soube estipular uma média da sua apuração mensal. Para o artesão, a manipulação da arte é a grande culpada disso: “A arte hoje tá muito manipulada. É muita gente comprando para revender e dizendo que faz”.
Perguntado se votou nas ultimas eleições, foi enfático: “Pra quê?! Nunca votei em ninguém. Você votar num Brasil com esses políticos de hoje não compensa. A política brasileira é uma merda, uma mentira. Nunca acreditei! A voz do povo só fala quando a Rede Globo pega e manipula uma história”. Será que o “artesão aventureiro”, Ronaldo, tem razão???
NA REAL, O QUE FOI O MOVIMENTO HIPPIE?
O Movimento Hippie surgiu nos Estados Unidos em meados da década de 60 e logo se disseminou pelo mundo. O inusitado era a marca principal dessas pessoas, que usavam cabelos grandes, roupas muito coloridas, minissaias, vestidos e batas indianas.
Contrários a sociedade de consumo, os hippies lutavam contra o sistema capitalista e a burguesia. Também protestavam contra as guerras e o endeusamento do dinheiro e pregavam a liberdade sexual e individual. Sua principal proposta era “paz e amor”, expressão muito usada ainda hoje.
Quem era adepto ao movimento sofria diversos preconceitos, sendo taxado pela sociedade da época como “sujos” e “drogados”.
(quadro)PAPO DE HIPPIE
“Se não der certo eu viro ‘hippie’!”. Você pensa nessa alternativa para a sua vida? Então comece a treinar algumas gírias usadas por essa turma:
Asa: painéis onde ficam expostos os trabalhos artesanais;
Bota fé: compreender; entender;
Dchagatá: camelôs que se infiltram entre os artesãos; falso artesão;
Favozeiro: pessoa que finge ter a ideologia “hippie”, mas não trabalha e nem se esforça para ganhar a vida; que fica entre os artesãos só pra bagunçar;
Fazer minha história: usar a criatividade; ganhar a vida;
Fubanca: mulher feia;
Patiful: menina besta;
Playful: homem besta;
Prego: pessoa falsa; chata;
Rádio Cipó: quando um “hippies” fala pra outro sobre as características dos lugares percorridos e sobre os outros “hippies” da região;
Simidão: pedinte ou quem oferece ao público produtos que não têm nada a ver com artesanato;
Se liga: prestar atenção;
Mangueiar: sair pelas ruas oferecendo os trabalhos artesanais para o público;
Maluco de BR: pessoa que vive nas estradas (viajando);
Tá osso: quando as coisas estão difíceis;
Trampo: arte; trabalho artesanal.
por Mayara Bastos e Rômulo Maia
fotos coloridas: Rômulo Maia
foto preto e branco: internet
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