No interior, chuva é a senha que a felicidade espera pra chegar. Se chover na roça, se a barragem ou o barreiro ou a cisterna pegarem água, o sorriso é certo no rosto que o sol intiriço vive de maltratar.
Quando chove onde não costuma chover, balde escancara a boca debaixo da biqueira e a meninada corre em alvoroço de alegria pelas ruas encharcadas; o cheiro de terra molhada invade as casas e a esperança de um inverno de fartura se renova.
E quando o dia amanhece com aquela preguiça fria e gostosa, o sertanejo se topa com o velho conhecido em frente a bodega de Seu Chico Arrais:
- Como foi a chuva lá pra tuas banda?
- Pra lá foi bom demais. Os açude botáru tudo e a passagem tá tumada d’água. Tô aqui comprando um inxadeco novo pra fazer a limpa e plantar uns ligumizim.
Na capital, a chuva é intrometida: estraga a balada, chapisca a imagem da novela, carrega portão, derruba árvore... É insolente! Não respeita a imposição do bicho homem, que cobre o chão com um tal de asfalto e não deixa brecha nem pra terra chupar a água.
- Tu assistiu o jornal? Viu os estragos da chuva de ontem? Carregou até carro!
No interior, na fazenda, quando a chuva revive os riachos, a orquestrada de sapos entoa na noite seu canto desordenado e os vaga-lumes pontuam o ar com sua luz miúda e curiosa.
Na capital, o rio corre no asfalto e os sapos... Onde estão os sapos? Na noite, só o interminável “Vrummmmm! Vrummmmm! Vrummmmm!” dos carros na avenida.
Saudades do Pio IX, do Cantinho, do cheiro de terra molhada e da cantiga dos caçotes. Saudades do sertão.
Quando chove onde não costuma chover, balde escancara a boca debaixo da biqueira e a meninada corre em alvoroço de alegria pelas ruas encharcadas; o cheiro de terra molhada invade as casas e a esperança de um inverno de fartura se renova.
E quando o dia amanhece com aquela preguiça fria e gostosa, o sertanejo se topa com o velho conhecido em frente a bodega de Seu Chico Arrais:
- Como foi a chuva lá pra tuas banda?
- Pra lá foi bom demais. Os açude botáru tudo e a passagem tá tumada d’água. Tô aqui comprando um inxadeco novo pra fazer a limpa e plantar uns ligumizim.
Na capital, a chuva é intrometida: estraga a balada, chapisca a imagem da novela, carrega portão, derruba árvore... É insolente! Não respeita a imposição do bicho homem, que cobre o chão com um tal de asfalto e não deixa brecha nem pra terra chupar a água.
- Tu assistiu o jornal? Viu os estragos da chuva de ontem? Carregou até carro!
No interior, na fazenda, quando a chuva revive os riachos, a orquestrada de sapos entoa na noite seu canto desordenado e os vaga-lumes pontuam o ar com sua luz miúda e curiosa.
Na capital, o rio corre no asfalto e os sapos... Onde estão os sapos? Na noite, só o interminável “Vrummmmm! Vrummmmm! Vrummmmm!” dos carros na avenida.
Saudades do Pio IX, do Cantinho, do cheiro de terra molhada e da cantiga dos caçotes. Saudades do sertão.
Romuluzinho, suas palavras me dão esperança e... desesperança!
ResponderExcluirT amu!
Bju
Eh, aqle misto contraditório q eu sempre te falo q sinto em relação a ti!
ResponderExcluirSaudads!