18 janeiro 2013

Carta à presidente Dilma


Reproduzo carta que a estudante de Letras e professora Rosseane Lima gostaria de entregar à presidente Dilma, que visita o Piauí nesta sexta-feira, dia 18 de janeiro de 2013:

“Querida Presidente

Eu queria uma conversa franca, coisa de olho no olho. Queria fazer umas poucas perguntas. Deixe a dureza e a importância do seu cargo de lado e se porte com uma qualquer, como uma pessoa normal, como se não houvesse diferenças entre nós. E me olhe nos olhos, pois a verdade pode ser dita pela boca, mas é vista mesmo é pelos olhos.

 Não te dá calafrios quando o fogo destrói o que muita gente sofrida construiu? O que você diria se fosse você a ficar sem um lar? Você já se sentiu sozinha? Você está sozinha? Você é sozinha?    

Como se sentiria se fossem os seus filhos os desprotegidos do carinho de um pai?

Seu estômago não dói sabendo que tanta gente não possui o que comer?

É certo a gente se trancar dentro de casa enquanto quem está solto não merece liberdade? É certo termos o direito violado e o dever obrigado?

Querida Presidente, como você consegue erguer a cabeça e olhar para cada um de nós? O que você pede antes de dormir? Para quem você pede proteção nas suas rezas? Você têm fé? Você acha que a gente têm fé? Temos, e é a única chance de sobreviver, quando até a esperança morre.

Por que pessoas do mesmo sexo não podem adotar uma criança e dar a ela o conforto e o carinho que ela espera como se essa espera não houvesse fim?

Por que a violência ainda incide sobre os gays? Amar é tão normal.

O que você pede a Deus? 

Você já ficou com fome? Com sede? Já tentou livrar-se de um vício? Já se sentiu ameaçada só por ter pele escura?

Ah, Querida Presidente, você nunca me olharia nos olhos dizendo a verdade.

(Rosseane Ribeiro)”


Originalmente publicada no Interletradas

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