21 março 2010

Eu vi o governador amarelar

Independente do resultado das eleições de 2010, a decisão de Wellington Dias (PT) em permanecer no governo até o final do mandato entrará para a história. Liderando todas as pesquisas de intenção de voto para o Senado, o governador abriu mão de uma eleição ganha para controlar os aliados e atender a interesses, acordos e planos ainda obscuros para a maioria dos piauienses.

Os antigos rememoram sempre a improvável aliança entre Alberto Silva e Lucídio Portella. Arqui-inimigos, os políticos se uniram em 1986 contra Freitas Neta e venceram as eleições para o governo do Estado.

Não há como esquecer também a lambança protagonizada por Firmino Filho (PSDB) em 2002. Aclamado popularmente para suceder o governador cassado Mão Santa, o tucano deu pra trás, permaneceu na prefeitura da capital e, em uma negociata nunca esclarecida, se aliou ao então governador Hugo Napoleão (PFL). Pefelistas e tucanos foram derrotados no primeiro turno. Um baque profundo na carreira de Firmino, atualmente vereador da cidade que comandou por oito anos.

Da mesma forma, a decisão de Wellington Dias será mais um exemplo de que “tudo é possível na política do Piauí”. Conhecido como bom articulador, permitiu que a base de sustentação do seu governo se dividisse entre quatro pré-candidaturas e se atritasse até uma quase implosão.

Se o governador cometeu um erro ou um acerto estratégico, em poucos meses saberemos. A incógnita maior é se a carreira de Wellington Dias resistirá sem mandato.


No dia 19/03/2010 estava eu entre os que presenciaram (e comunicaram) o “Dia do fico”, expressão resgatada pelo repórter Elivaldo Barbosa para descrever o episódio em que Wellington Dias abriu mão de uma eleição ganha para atender a interesses políticos. Foto: Datércio Cardoso/Portal AZ

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