Paes e os bancos antimendigos

O município do Rio de Janeiro, capital do estado Rio de Janeiro, é governada pelo peemedebista Eduardo Paes (PMDB), empossado no cargo em primeiro de janeiro de 2009.

Apenas três meses de mandato foram suficientes para o prefeito comandar uma cagada que dará uma nova marca à cidade do Cristo Redentor e da praia de Copacabana: a instalação dos bancos antimendigos.

Exatamente! Na cidade de Eduardo Paes, esses sem-teto, “sugismundos” e desocupados que arrumem outro dormitório. A bunda do cidadão de bem, que paga impostos e não enfeia a cidade é prioridade.

Para garantir a medida, técnicos da prefeitura instalaram divisórias de metal nos assentos dos bancos. Os pobres que arrastem seus corpos descarnados para longe dos gringos; que corram e se escondam nas periferias ou se aglomerem nos abrigos públicos. Na praça é que não deitam!

Acha bobagem a atitude do prefeito? Pois imagine sua única cama de solteiro ser dividida em duas metades iguais por uma barra de ferro. O espaço seria insuficiente para você esticar todo o seu corpo. Dormir seria um desafio desgraçado.

Ações dessa natureza são pensadas e executadas por gestores reacionários, que custam a perceber a miséria e a mendicância como um grave problema social. De que adianta instalar uma divisória, criando bancos antimendigos, se as pessoas continuam nas ruas e podem deitar ao lado do bando, debaixo do bando, atrás do maldito banco?

A Uol fez uma matéria sobre o assunto. Entrevistada, a assistente social Vanessa Martins sintetizou todo o pensamento direitista com uma análise sobre os mendigos: “[Eles] Não têm perspectiva de futuro. ‘Eu vivo hoje, se eu ganhar um dinheiro hoje, eu gasto esse dinheiro todo hoje. Amanhã? Eu peço para outra pessoa’. Não se valoriza, a auto-estima é muito baixa. Não reconhece em si nenhum potencial capaz de superar essa situação e aí arranja uma estratégia de sobreviver dentro disso.”

Como um sujeito que acorda sem saber o que vai comer (ou se vai comer) pode se valorizar, ter auto-estima? Como podem reconhecer em si algum potencial, se as suas vidas são coleções de fracassos? Aceito respostas.