Na dança do desempregado

Há 20 dias eu vislumbrava dois empregos. Jornada dupla de trabalho, dois salários. “O ano começou bem”, pensei bestamente. Três semanas depois estou sem nenhum dos empregos.

A justiça proibiu o governo de terceirizar servidores. Fez isso exatamente no dia em que formalizei meu cadastro na Empresa de Gestão de Pessoas do Piauí. Game Over emprego na Rádio Ccom.

“Não tem problema”, bestei novamente. Tinha no portal Acessepiauí uma segurança. Os patrões sempre garantiram: “Quando você concluir o curso nós te contratamos.”

Em uma quarta com ares de sexta-feira 13, durante uma reunião de rotina, o mesmo patrão vira pra mim e avisa que a empresa não terá como me absorver. Argumento: “O senhor sempre me garantiu.” Ouço o que não queria: “Você deve ter entendido errado.”

Frustrar sonhos deveria ser crime previsto no Código Penal Brasileiro.

“Não vá mais lá”, ordenou minha mãe.
“Vamos processar”, sugeriu meu irmão.
“Vamos ver...”, ponderou meu pai.

Confesso companheiros de internet, estou frustrado. Não por sair do Acessepiauí, mas pelo desemprego. Pular do barco desgovernado é uma coisa, ser atirado dele é outra. Não havia um plano “B”, nem um tronco onde segurar.

Espero que o jargão do derrotado se concretize e que o mundo gire, gire, gire, gire... Por hora, parem esta porra que eu quero descer.

São uns ratos esses companheiros.

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Rômulo Maia de Alencar, 23 anos, branco, mais ou menos alto, fora de forma, cabelo ruim, barbudo e jornalista recém formado. Lances inicial no valor de R$ 0,10.