Por todo o primeiro semestre de 2004 fiquei sitiado em Pio IX e Fronteiras. Recém aprovado no vestibular, cabeça em transformação, hormônios fervilhando. E preso no interior. Ansiava em voltar para Teresina e iniciar a vida de universitário. Sonhava com o desconhecido. Planejava minha “revolução” pessoal.
Na época, o MSN era uma ferramenta pouco utilizada e o Orkut um projeto de super-star que poucos ousavam mexer. Era todo em inglês. Uma complicação.
Como esses meninos cresceram...
Moda mesmo era o Mirc, uma das minhas pontes entre o “exílio” no interior e os amigos que moravam na capital.
Outra válvula de escape eram os blogs. Criei vários – uns quatro ou cinco. Todos sistematicamente abandonados, mas não apagados. E foi malinando na internet que reencontrei três deles nesta quinta-feira (05).
Relendo o que escrevi na época, confesso aliviado: eu era muito mongol! Bem mais do que sou hoje. Um menino bobão-egocêntrico-metido-a-humilde. Não há uma frase interessante, se quer opiniões moderadas. Tudo partia do umbigo e saia pela boca. Coisas de pseudo-roqueiro com tendências à rebeldia sem causa.
Os textos parecem escritos de um alienígena. Um Zé Mané que lançou meia dúzia de idéias vagas no ar e se mandou, deixando um corpo estranho a ser reconfigurado.
Ainda bem que o tempo passa. Aleluia! Aleluia! A universidade, os amigos, as novas leituras, a militância estudantil... Tudo contribuiu. De “menino bobão-egocêntrico-metido-a-humilde” passei a “adulto bobão-egocêntrico-metido-a-humilde”. Aleluia! Aleluia! Protagonista consciente de uma história em quadrinhos de roteiro fuleiro. Aleluia! Aleluia!
Diaxo é que o tempo não modifica somente idéias e atitudes. Mexe também com a nossa aparência. Vejam essas fotos que publiquei em um dos blogs da época. Envelheci demais em apenas cinco anos.
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