Quando se é cabinha, xingamento que é xingamento tem que incluir o cu ou a mãe do desafeto (ou os dois juntos!). A ética infantil da minha geração não permitia insulto sem revide imediato.
Qualquer idiotice valia, o que importava era não sair por baixo. Como em uma disputa de cantadores, vencia quem deixasse o outro sem resposta ou em situação pior. Por exemplo: se o primo ameaçava enfiar a torre da igreja em sua bunda, era só enfiar a da igreja e a da Telepisa na dele. Facim! Facim!
Lembro bem de uma resposta considerada infalível, ensinada pelos parentes que moravam na capital. Brincando, discutindo, disputando ou aprontando por Pio IX, sempre que me chamavam de otário, respondia de pronto: “Otário é pato, pato é gay, teu cu rachado meu pau no mei.” Simples, direto e com rima! Perfeita!
Mas é analisando o “dizer” que percebo, anos mais tarde, o grande tiro pela culatra que ele representa. Acompanhem meu raciocínio:
Eu sou otário
Se otário é pato, logo eu sou pato
Se pato é gay, logo eu sou gay
“Teu cu rachado meu pai no mei”, ou seja, você é o viadinho ativo e eu o passivo
O prejuízo é inestimável. Uma infância perdida por conta de uma resposta mal estudada. Malditos primos sacanas.
Inimigos, reconheço publicamente minhas derrotas!
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