20 maio 2011

Lições

A morte é um grande mistério. Até pro poeta, que admitiu não saber se ela “é vírgula, ponto-e-vírgula ou ponto final”. Se ela é uma interrupção breve ou o fim absoluto do que somos, dos nossos sonhos, pensamentos... da nossa história. Ou se é reticências: uma idéia inacabada a espera de conclusão. Não sei!

O que sei é que a morte é uma professora, dessas severas, que ensina duras lições.

Nesses últimos 365 dias, aprendi, por exemplo, o que é saudade. Saudade é uma dor que dói no peito. Não uma dor abstrata, mas uma dor física, que acocha, desorienta e as vezes parece que vai sufocar;

Que saudade é lembrança constante, é lágrima no olho, é choro escondido, é sorriso bobo olhando fotografia antiga;

É a falta do beijo, do abraço, da ligação no dia do aniversário. É a ausência da palavra certeira, dos conselhos, piadas, leituras, da conversa na sala da televisão; do bolo com suco servido como merenda nas visitas apressadas. Porque eu não demorei mais? Saudade é fazer perguntas sem respostas;

É o arrependimento da palavra não dita, da falta de paciência daquele dia, da resposta rude, da agonia boba, da zanga por motivo banal. Por incrível que pareça, saudade é sentir falta até do que a gente imaginava não gostar.

Saudade é também satisfação por ter se doado um pouco, por ter feito parte de momentos alegres e tristes, por ter defendido da palavra injusta, por ter segurado o choro quando foi necessário.  

Sentir saudade é ter a certeza de que “ninguém nunca morre enquanto permanece vivo no coração da gente”. Saudade é o amor que fica.


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