Protagonistas

Todo ex-BBB, após ser eliminado, reclama que foi prejudicado pela edição do programa. O clima de conspiração sempre prevalece. Heróis e bandidos. Vilões e mocinhas. Bons e maus. Lado A e B.

Adepto das teorias da conspiração, sempre concordei com as acusações. O BBB nada mais é que uma novela moderna. A análise da preferência do público e os índices de audiência ditam o roteiro.

Claro que há manipulação, e no mesmo estilo da que ocorre nos noticiários. A mensagem tendenciosa não vem implícita, mas nas entrelinhas. Elas sugerem e o telespectador absorve - muitas vezes - passivamente.

Exemplo disso aconteceu terça-feira (24). Noite de paredão. Max e Milena disputam a permanência na casa. Começa o programa e anoto os índices de preferência do público na enquete da Uol, que apontavam:

Ana – 35,50%
Max – 24,33%
Francine – 14,40%
Priscila – 9,69%
Josiane – 9,54%
Flávio – 5,04%
Milena – 1,5%

Os quadros se desenrolam. Em um, poetizam o namoro de Max e Francine. No outro, a união do “inseparável” lado B. E, pra fechar, o golpe contra Ana Carolina, então a mais popular da casa. O recorte de várias cenas mostra uma menina assustada, com mania de perseguição, quase paranóica. Logo após vem os cartoons do desenhista Maurício Ricardo, com uma paródia musical no mesmo tom.

Percebam que a edição não visava o paredão. Ela ambicionava uma mudança nos índices de popularidade dos participantes. Ana sem a vovozinha Naiá ficou sozinha, isolada, chorosa, quieta, desinteressante. À Globo, a loirinha não rende mais boas histórias, ao contrário de Max, que enfrenta turbulências no “namoro” com Francine - um bom tempero para um programa insosso.

O BBB é uma novela. A única diferença é que o protagonista pode mudar a cada semana. E mudou. A edição acertou na mosca. Na quarta-feira (25), menos de 12 horas após a eliminação da Milena, conferi novamente a enquete da Uol. Os números dizem tudo:

Max – 42,59%
Ana – 36,55%
Francine – 9,70%
Priscila – 5,31%
Josiane – 4,71%
Flávio – 1,15%

Na “nave louca” do BBB, até o Pedro Bial é paraguaio.