Sementes de Carvalho

Assis Carvalho, deputado estadual e atual secretário de saúde do Piauí, de bobo não tem nem a cara. O político é incansável no preparo do terreno para disputar uma das 10 vagas que o Piauí tem direito na Câmara Federal, em Brasília.

Além de ampliar sua base aliada investindo em candidatos a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores do interior, Assis tomou medidas administrativas estratégicas. Sementes que foram plantadas na área da saúde germinarão até 2010 como trunfos valiosos para o marketing eleitoral do ex-bancário.

A primeira delas foi a municipalização de mais de 46 hospitais no interior do estado. Sem condições (ou seria competência?) para administrar toda a rede, o secretário repassou o bomba para os prefeitos. A tática é simples: menos unidades para administrar, mais verbas para investir nos hospitais referências, a exemplo do Hospital Getúlio Vargas, em Teresina. O atendimento à população não melhorou em nada, mas as dores de cabeça e as cobranças ao gestor diminuíram.

Com rosto de menino criado pela avó. Foi dessa forma que o segundo movimento estratégico de Carvalho, o Disque HGV, foi apresentado à sociedade. O sistema é muito mais que um simples 0800 para marcação de consultas. “Ele vai acabar com as filas no ambulatório azul do HGV”, fobou o secretário.

É óbvio que o ambulatório não terá mais filas! Com a implantação do call certer, ou o paciente pobre tenta uma vaga no hospital via telefone ou morre doente. Não há escolha. Não existem opções.

E daqui a dois anos, na propaganda eleitoral gratuita, uma voz de veludo dirá: “Assis acabou com as filas para marcação de consultas no HGV; investiu e ampliou os hospitais referência...”